segunda-feira, 20 de maio de 2013

Crítica - As Vantagens de Ser Invisível (2012), de Stephen Chbosky



“Nós aceitamos o amor que acreditamos merecer.” Essa frase, dita pelo professor de inglês Anderson (Paul Rudd) e repetida por Charlie (Logan Lerman) ao longo do filme, talvez seja a reflexão que fique com cada espectador ao final de As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower, 2012).

Dirigido por Stephen Chbosky, o filme é a adaptação de seu próprio romance (de mesmo nome do longa) e best-seller, do ano de 1999. A história rodeia Charlie, no início dos anos 90, um garoto que aos 15 anos se sente sozinho pela morte de seu melhor amigo e lida com o desafio e medo de entrar no ensino médio. Tímido e depressivo, ele ainda sofre com a morte de sua tia Helen (Melanie Lynskey) quando era mais novo. Mas é quando Charlie conhece Patrick (Ezra Miller) e Sam (Emma Watson), dois veteranos da escola, que sua vida começa a mudar e os dramas da adolescência começam a surgir.

Ezra Miller (de Precisamos Falar Sobre Kevin) dá mais um show de atuação, vivendo um garoto homossexual que mantém relações escondido com Bradd (Johnny Simmons), um veterano jogador de futebol americano. A agradável e cativante Emma Watson nos faz esquecer completamente a bruxa Hermione no primeiro momento que a avistamos, representando uma garota que sofreu nas mãos de homens quando mais nova. Lerman (de Percy Jackson e o Ladrão de Raios) também não faz feio e consegue nos transmitir toda a sua angústia e ao mesmo tempo poucos e belos momentos de felicidade e liberdade do garoto Charlie.

A trilha sonora do filme, realizada por Michael Brook (o mesmo de Natureza Selvagem), merece aplausos. The Smiths, Pavement, New Order e outras ótimas bandas dos anos 70 e 80 estão presentes. Mas é “Heroes”, de David Bowie, que é presente em momentos que são difíceis de não se emocionar e acaba sendo a perfeita tradução dos adolescentes do filme.

O cunho pessoal do diretor acaba não sendo algo prejudicial, mas uma vantagem. Cada personagem ganha seu tempo e é tratado com delicadeza e cuidado. O roteiro é extremamente pontual, sem deixar-se cair em clichês de filmes adolescentes ou indies românticos da moda, apesar dele estar nessas categorias. A técnica de Chbosky é sutil e alguns diriam falha, com uma fotografia desajustada (que até nos permite ter mais intimidade com os personagens) e cores escuras em grande parte do filme. Mas são as atuações e os diálogos que reforçam a ideia do mesmo, fazendo tudo se encaixar e nos propiciando cenas memoráveis.

Amor, drogas, depressão, rejeição e outros temas são tratados no filme e não de maneira superficial. Não é um longa feliz e nem triste. Lágrimas e risos serão bem vindos e quando os créditos surgem, já ficamos com saudade das emoções que passaram voando em 103 minutos.

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